MAIORIDADE ANTECIPADA? TRÊS ESPÉCIES DE SAPOS DA TANZÂNIA NASCEM SEM PASSAR PELA FASE DE GIRINO; ENTENDA
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Descoberta inédita desafia a biologia clássica e alerta para o risco de extinção desses anfíbios arborícolas
Por O Globo — Dodoma
12/11/2025 04h02 Atualizado há 3 semanas
Eles chegam ao mundo prontos para pular: três minúsculos sapos identificados na Tanzânia surpreendem cientistas ao nascerem já adultos, sem passar pelo tradicional estágio de girino. A descoberta, publicada na revista Vertebrate Zoology na quinta-feira (6), desafia paradigmas da biologia e levanta novas questões sobre a evolução dos anfíbios.
Viviparidade rara no reino animal
A característica incomum desses sapos do gênero Nectophrynoides — que retêm seus filhotes até que nasçam completamente formados — ocorre em menos de 1% das espécies de anfíbios, segundo Christoph Liedtke, pesquisador do Departamento de Ecologia e Evolução da Estação Biológica de Doñana, na Espanha. “Pensávamos que todo sapo passava por um estágio de girino, mas a realidade é muito mais diversa”, acrescenta Mark Scherz, coautor do estudo e curador de herpetologia do Museu de História Natural da Dinamarca.
A identificação dessas espécies foi possível graças à análise de DNA de amostras coletadas há mais de cem anos. Alice Petzold, da Universidade de Potsdam, explica que isso permitiu reconstruir a diversidade oculta desses anfíbios: “Alguns espécimes foram coletados há mais de 120 anos. A análise genética nos ajudou a determinar a quais populações pertenciam”. A investigação também envolveu comparações morfológicas detalhadas, permitindo diferenciar espécies antes despercebidas.
O estudo alerta para a vulnerabilidade desses animais. Os sapos vivem no Arco Oriental da Tanzânia, região marcada pela exploração madeireira, mineração e mudanças climáticas. John V. Lyakurwa, da Universidade de Dar es Salaam, destaca que “as florestas onde esses sapos vivem estão desaparecendo rapidamente”, e várias espécies estão à beira da extinção. Entre elas, Nectophrynoides asperginis já desapareceu na natureza, enquanto Nectophrynoides poyntoni não é vista desde 2003.
Essas descobertas refletem uma estratégia reprodutiva rara e fascinante encontrada em outras partes do mundo. Na América do Sul, o sapo-marsupial desenvolve os embriões em bolsas dorsais, e no Sudeste Asiático, a rã Limnonectes larvaepartus dá à luz filhotes vivos. Em todos os casos, a viviparidade evoluiu como adaptação a ambientes hostis, garantindo maior sobrevivência da prole.
A pesquisa reforça que compreender essa diversidade é crucial para proteger espécies únicas antes que desapareçam. Além de desafiar conceitos clássicos da biologia, os sapos-tanzanianos revelam como a natureza encontra caminhos surpreendentes para persistir, mesmo diante de ameaças ambientais cada vez mais intensas.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/clima-e-ciencia/noticia/2025/11/12/maioridade-antecipada-tres-especies-de-sapos-da-tanzania-nascem-sem-passar-pela-fase-de-girino-entenda.ghtml
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