O QUE PODEMOS APRENDER COM OS NATIVOS DA AUSTRÁLIA - PROJETO ORIGINALS




O QUE PODEMOS APRENDER COM OS NATIVOS DA AUSTRÁLIA

Link do Vídeo Abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=agnIJQZaW0o


Quando chegaram à Austrália, na segunda metade do século 18, os europeus ficaram surpresos com a paisagem, bastante arborizada, num dos ambientes mais desérticos da Terra. É que, ao contrário das técnicas agrícolas europeias, a vida nômade dos nativos permitia um impacto humano positivo no meio, respeitando o que os ecossistemas locais podiam sustentar. Genericamente chamados de aborígenes, os povos originários da Austrália têm uma forma particular de conexão com a natureza e com seus antepassados. Apontados por diversos estudos como formadores da cultura sustentável mais antiga do mundo, poucos remanescentes conseguem preservar e transmitir suas práticas e conhecimentos, sistematicamente agredidos, inclusive por projetos governamentais, ao longo do processo de colonização. Em sua primeira edição, o projeto Originals pretende dar voz aos aborígenes por meio de um audiovisual tocante que servirá tanto para o ocidente refletir quanto para eles transformarem suas identidades e reforçarem suas lutas.

- Para os aborígenes, a felicidade das pessoas depende da felicidade da terra. Isso porque compreendem que tudo está conectado e que animais e plantas são como parentes.

- “Ouvir as músicas do meu povo, ouvir os idosos cantando.” Isso porque todo o conhecimento e toda a história aborígene são guardados em canções, que podem ser comparadas aos livros na nossa cultura.

Lindo projeto que visa ouvir as vozes de várias comunidades e povos nativos ao redor do mundo e pode ser visto nesse site: 
http://www.coletivochama.com/


Em janeiro de 2014, o Coletivo CHAMA vai à Austrália gravar um documentário sobre a cultura aborígene em Broome, na região de Kimberley. A história será conduzida por Lorna Kelly, que faz parte da chamada Geração Roubada e hoje é uma defensora de seu povo. Você pode nos ajudar fazendo uma doação em www.coletivochama.com, onde há também mais informações sobre o projeto.

The multimedia group Coletivo CHAMA is going to Australia in January, 2014, to record a documentary about the aboriginal culture in Broome, in the Kimberley region. The story is going to be conducted by Lorna Kelly, who is part of the Stolen Generation and is a freedom fighter. You can help us by making a donation on www.coletivochama.com, where you will also find more information about the project.





As gravações do Projeto Originals na Austrália Ocidental acabaram no final de janeiro. Não conseguimos mantê-los informados como gostaríamos, já que nosso último post foi quando encontramos a nossa personagem principal, Lorna Kelly. A partir desse encontro, começou a captação e ficamos 100% focados no trabalho e nas experiências profundas e inesquecíveis trazidas por ele. Por isso, só agora tivemos condições de preparar um relato com os principais acontecimentos e uma galeria de fotos (veja o último ensaio da página) que mostra os bastidores das gravações.

Foram 23 dias de viagem, quando rodamos cerca de seis mil quilômetros entre Perth, a cidade de partida, e a comunidade de Beagle Bay, nosso último destino, perto de Broome. A equipe chegou aos poucos na Austrália. Os primeiros foram Luisa e Marcelo, no dia 04 de janeiro. No dia 05, chegaram Camila, Leonardo, Ana e Fábio. E, no dia 06, Anita e Eduardo.

Nos primeiros dias em Perth, ficamos hospedados no Hostel The Old Swan Barracks, no centro da cidade. Aproveitamos a localização para comprar os equipamentos de áudio que faltavam, alugar os carros e comprar os mantimentos para os primeiros dias de viagem. Como já falamos anteriormente, com o valor arrecadado na nossa campanha de financiamento coletivo, conseguimos alugar dois carros Volkswagen Amarok 4x4 equipados para viagens como a nossa, com geladeira, fogareiros, panelas, sacos de dormir, barracas, e ar-condicionado na cabine!

Quem acampa sabe que ter uma geladeira nessas ocasiões é incrível e, no nosso caso, foi essencial, pois acampamos em muitos lugares desertos, sem nenhuma estrutura, e cozinhamos praticamente a viagem toda. Além disso, consumimos muita água gelada diante do calor que oscilava entre 40 e 50 graus. Resumindo, os apoiadores garantiram o sucesso, e em momentos a sanidade, dessa empreitada! Por isso, mais uma vez, muitíssimo obrigado pela ajuda de todos vocês!!! Abaixo escrevemos um brevíssimo relato do que fizemos pelas principais cidades onde captamos depoimentos, imagens e sons para nosso documentário.

Karratha: o encontro com Lorna


Karratha foi a cidade onde encontramos Lorna. Para os seis de nós que não a conhecíamos, o encontro trouxe a acolhida que todos estávamos precisando depois da jornada que tínhamos vivido até então. Foi como se os espíritos guardiões daquelas terras finalmente tivessem nos aceitado por lá. A partir de então, Lorna se tornou uma integrante do grupo, viajando junto com a gente e nos guiando, não só pelos caminhos que devíamos percorrer, mas também espiritualmente. Sua ajuda foi essencial para conseguirmos os depoimentos que construirão o vídeo.

Roebourne: a importância da preservação da cultura aborígene


Nessa pequena cidade, visitamos o museu onde funcionou uma prisão para aborígenes e conhecemos um centro de manutenção da língua e da cultura. Os povos que vivem nesse lugar, preocupados com a morte dos anciãos e, consequentemente, da sabedoria tradicional, passada através da oralidade, criaram esse espaço para jovens, onde produzem livros, vídeos e materiais sonoros. Fizemos entrevistas com as pessoas que criaram e mantêm o local.

South Headland: funeral aborígene e Geração Roubada


Sem dúvida, um dos lugares de experiências mais intensas e difíceis que vivemos nos dias de gravações. Acompanhamos o funeral de uma mãe aborígene que teve os filhos levados pelo governo durante a chamada Geração Roubada e passamos quatro dias com a família durante a preparação do funeral. Fomos à terra onde a senhora viveu para gravar a coleta de pedras, flores e outros itens para o enterro. Também entrevistamos os filhos que foram separados e retirados dela ainda crianças e que há pouco tempo a tinham reencontrado.

Broome: a casa de Lorna


Depois dos dias bastante densos vividos em Southeadland, Broome foi um momento de merecido descanso, não só físico como emocional. Foi quase como chegar em casa. Foi lá que conhecemos parte da família de Lorna, entrevistamos um de seus netos, um jovem aborígene consciente e engajado na preservação da natureza e da conexão com a terra. Lá também nos preparamos para seguir viagem até Beagle Bay, onde passamos alguns dias, e na volta, fizemos a grande entrevista com a Lorna.

Beagle Bay: lugar de conexão e reconexão


Essa região é de extrema importância na vida de nossa personagem e foi onde pudemos conhecer mais da sua história de desconexão e reconexão com a terra. Ficamos na comunidade onde antigamente funcionava uma missão da Igreja Católica e que foi devolvida há algumas décadas para os aborígenes. Lá convivemos com os moradores, indo colher frutas e caçar, além de visitar locais sagrados para eles.

A conclusão unânime à qual chegamos foi que as gravações excederam todas as expectativas. Nenhum de nós tinha imaginado que iríamos ter a honra de presenciar e captar momentos de tamanha intensidade emocional e cultural. A jornada foi de muito aprendizado, tanto técnico quanto pessoal. Agora, temos mais trabalho - e certamente mais lições - pela frente até a finalização do projeto.


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