PLANETA VIVO SEGUNDO JAMES LOVELOCK

James Lovelock (2005) – Foto por Bruno Comby
O que seria um planeta vivo para James Lovelock?
De acordo com seu último livro “A Vingança de Gaia”, ele explica o que seria um planeta vivo ao falar do aumento do dióxido de  carbono e metano logo depois do aparecimento da vida no planeta Terra:
Esse mundo antigo de bactérias teria sido dinamicamente estável e resistente às perturbações, mas, ao sair do estado de equilíbrio estável de um planeta morto, Gaia teria se tornado vulnerável a catástrofes, como impactos de meteoritos ou erupções vulcânicas.
Terra – planeta vivo p/ Lovelock – créditos: NASA
Mais embaixo ele continua:
Modelos simples de Gaia são estáveis e difíceis de perturbar, porém se mais de uma massa crítica de vida estiver presente no planeta do modelo, isso é possível. Os modelos geralmente se equilibram com 70 a 80 por cento da superfície planetária habitada, supondo-se que o restante seja deserto ou oceano estéril ou esparsamente povoado. Se uma peste ou alguma outra desgraça destrói mais de 70 a 90 por cento da população, a temperatura e a composição química cessam de ser mantidas e o sistema do modelo rapidamente decai para o estado de equilíbrio do planeta morto.
Marte e Vênus – planetas mortos p/ Lovelock
Para Lovelock, portanto, um planeta vivo é aquele que possui 70 a 80 por cento da superfície habitada, explicando porque ele considerada os irmãos da Terra, Vênus e Marte de planetas mortos.
Vênus – planeta morto p/ Lovelock
Nas palavras de Lovelock: “Graças ao conceito de Gaia, vemos agora que nosso planeta é totalmente diferente de seus irmãos mortos Marte e Vênus. Como um de nós, ele controla sua temperatura e composição para estar sempre confortável, e vem fazendo isso desde que a vida começou, mais de 3 bilhões de anos atrás. Em suma, planetas mortos são como estátuas de pedra, as quais, se postas em um forno e aquecidas a 80°C, permanecem inalteradas. Eu morreria, e você também, se aquecidos a essa temperatura, bem como a Terra. (…) Níveis crescentes de dióxido de carbono e gás metano na atmosfera têm consequências bem diferentes daquilo que ocorreria em um planeta morto como Marte”.
Marte – planeta morto para Lovelock
Vale lembrar que a metáfora utilizado por Lovelock “Terra viva” não está relacionada à Terra de uma forma sensível ou até mesmo viva como um animal ou uma bactéria. Ele achou útil conceber a Terra como parecida com um animal, mas que fique claro que nunca se passou de uma metáfora. Ele considera a utilização da metáfora relevante porque para lidar com a ameaça da mudança global, entendê-la e atenuá-la, é preciso conhecer a verdadeira natureza da Terra, imaginando-a como o maior ser vivo do sistema solar, e não algo inanimado.
Gaia na barriga da mãe
Pode-se dizer, portanto, que não é que James Lovelock não estava a par das notícias sobre Marte. Lovelock tem sua própria linha de raciocínio e conceitos.
Lovelock disse que se aquecermos Marte, nada acontecerá. Todavia, estando ciente que ele possui bactérias, água e vulcões ativos, muita coisa pode acontecer ao aumentarmos radicalmente sua temperatura.
Cratera Victoria de Marte – Créditos: NASA
Como aponta o cientista Gerhard Neukum, da Universidade Livre de Berlim, “Marte ainda está ativo dentro de determinados limites, não está morto ainda”. Diante dessa linha de análise, conclui-se que o cientista analisa Marte racionalmente, sendo que um planeta morto para ele seria um planeta sem nenhuma atividade. Já para James Loveck planeta morto é aquele que não possui 70 a 80 por cento da superfície habitada, utilizando essa linha de raciocínio para sua famosa teoria.
Terra – planeta vivo p/ Lovelock – com 70 a 80% da superfície habitada

Por Mariana Lorenzo

Referência Bibliográfica:
- Lovelock, James. A Vingança de Gaia. Intrínseca. Rio de Janeiro. 2006.

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