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MADAGASCAR PARA VIAJANTES
Por: Emma Herrera
Depois de percorrer por três meses chegou a hora da despedida de Madagascar, agora aqui do aeroporto de Antananarivo o destino é Espanha.
Estes últimos dias aqui, os quais ficamos na capital tem sido uns dias especiais, Semana Santa, e aqui eles são muito religiosos. Algo meio que natural devido o tanto de necessidades reais e a religião vem para ajudar a suportar o dia a dia.
Cada dia que passei neste país me alucinou com o que via ao redor. Percorrendo de norte a sul, de leste a oeste de uma forma como viajam os nativos. Nada a ver com um passeio turístico, muito distante disso, a Madagascar que só quem quer conhece. Não é palco para os que aqui vêm em busca de um país com belas praias, filme desenhado, ou animais.
Um sentimento de dó e culpa me ataca fortemente com a ideia da partida. Eu vou e eles continuam aqui nestas terríveis condições de vida.
Saber que estais sempre rodeado de crianças, idosos e adultos com fome ou pelo menos mal alimentados, quase nus por não terem outras vestimentas, descalços. Não é fácil botar algo na boca vendo outro ser humano com fome a te olhar, pedindo as sobras… E, claro, sou um pouco consciente de que não podemos dar a todos, tentamos fazer o que podíamos dentro de nossas condições.
Ontem, nosso último dia aqui. Esvaziamos praticamente tudo o que tínhamos em nossas mochilas e saímos às ruas repartindo com quem era menos favorecido. Desta vez retorno a Europa somente com um chinelo velho, e com a roupa do corpo. Sei que individualmente dar as roupas, o pouco dinheiro que tínhamos e tudo mais não é nada. Infelizmente não temos outro caminho para tentar demonstrar nosso respeito por eles. Também sei que o pouco que possuíamos e demos era muitíssimo para eles.
Sobre tudo, não deixarei que me faça esquecer o tudo que vi neste país, e tratarei de falar a todos que Madagascar é muito mais que um filme em desenho animado, algo muito maior que lémures, Baobabs e camaleões.
Não relatei, talvez não quis, o tanto de situações difíceis que aqui passamos, tantas provas. Tantas situações duras vividas me fez ensinar que tenho muito que aprender, mudar uma parte em mim mesma; me arrependo das minhas perdas de paciência, de meus cansaços, etccc. Porque por mais duras que foram, nada justifica.
Porém não pensem que este é um país triste, muito pelo contrário. Apesar de todo o sofrimento material, aqui se vê os sorrisos mais profundos que possam existir, os sorrisos que vem da alma.
A curiosidade que sentem é natural e por menos que tenham, sempre estão dispostos a te ajudar quando necessites…. Aqui como em poucos locais se valoriza tudo, e te ensinam a valorizar tudo. Tudo se recicla, nada deve ser desperdiçado. O lixo de nossos países aqui é algo precioso e valioso.
A gente da ilha Vermelha (Madagascar) me deu de presente muitíssimo mais do que eu possa ter desejado, e sem duvida nenhuma me ensinou muito mais sobre eu mesma!
Fotos cedidas
VALE A PENA LER...
MADAGASCAR VIAJANTE
Por: Emma Herrera
Depois de quase três semanas na Catalunha, Espanha, partimos para Valência onde nos encontramos com um casal de amigos (Nacho e Nidia), com quem começamos nossa viagem por Madagascar, no dia 17 de novembro. Aqui já estamos há mais de um mês, e a aventura está sendo muitíssima mais do que esperávamos.
Estou escrevendo esta postagem depois de ter terminado a estrada da Vainilla, na costa Este de Madagascar, ponto final (no Norte). Agora empreenderemos o cruze para o outro lado. A viagem até aqui está repleta de momentos inesquecíveis e incrivelmente duros física e psicologicamente… Muitíssima mais forçada do que esperávamos; viagens em botes carregados, estradas em péssimas condições, caminhadas durante dias, baixo intenso Sol, carregados de nossas mochilas e acampando no caminho. Abastecendo-nos de água de poços, sem eletricidade, sem água potável pela maioria dos caminhos que passamos.
O que havia escutado de viajar de maneira independente, bem longe dos lugares turísticos, que turista nenhum havia pisado, é unicamente coisa de masoquistas, e digo, realmente é, pois é bem doloroso. São tantas as sensações e situações que vivemos, que resulta difícil resumir e começar a contar-lhes, porém vou tentar ser breve.
Aterrissamos no aeroporto de Antananarivo (Tana), a capital do país, próximo da meia-noite. Nada mais que tocar o solo e já se sente estar pisando em continente africano. Instalações precárias, o barulho, a aparente desordem por todos os lados, mas acima de tudo, o cheiro. E isso me alegrava profundamente; o mesmo cheiro que senti anos atrás, que delícia estar aqui!!!
Depois de uma espera calorosa (obviamente o aeroporto não tem ar-condicionado) passando pelos trâmites migratórios, e um tempo mais para explicar porque nossa passagem de volta é para 4 meses, sendo que o visto de entrada só pode ser dado por três meses… mas, os convencemos e tudo foi resolvido. Nós sabíamos já de tudo nos trâmites, e suas legalidades, mas também conhecemos nossas habilidades e truques para resolver certas pendências nas imigrações. E queremos ficar quatro meses no país, oras.
Já de madrugada, pegamos um táxi, um Renault quatro latas, desses antigos que só se vê em filmes, e seguramente a França enviou em quantidades a esta sua antiga colônia. Nos conduziu até o centro da cidade para nos alojarmos. Ausência de luz nas ruas, grupos de pessoas ao redor de fogueiras, pobreza (não podia imaginar tanta) e sensação de insegurança… Cansados, caímos rendidos para despertar e começar a alucinante e sem dúvida, que se manterá até o final desta nossa viagem pela Ilha Vermelha, assim é conhecida a Ilha de Madagascar, a qual me surpreende a cada momento.
Segundo consta é um dos 10 países mais pobres do mundo. Já imaginava o drama que vive certas espécies de animais únicas no mundo. 70% da população vive com Um (1) dólar ao dia (4 reias), e somente 10% de suas estradas estão asfaltadas, o que faz com que todos os translados sejam um suplício, e chegar a qualquer lugar se converte numa odisseia esgotadora. Boa parte da Ilha está devastada e continua sendo de forma avassaladora, sem trégua. Os parques nacionais e arredores próximos a estes são a única coisa protegida e conservada, mas se mantém por interesses estrangeiros na preservação.
É fácil entender as queimadas por parte da população, considero realmente estúpido falar de proteção de espécies animais e conservação do meio ambiente para quem necessita matar um animal em extinção para poder suprir sua fome. Queimam o que conseguem para plantar um pouco de mandioca para levar a suas bocas famintas de qualquer outra coisa.
Ainda que todo este drama esteja levando a total destruição da Ilha, há toda uma corrupção exagerada que se vive em todos os níveis, assim, por exemplo: Qualquer translado que se faça há barreiras da polícia, exército, ou sei lá o que, pois são de todos os tipos. A todo momento os transportes são parados com o intuito de ganhar algum dinheiro, obviamente dos menos favorecidos, pois os afortunados de dinheiro neste país viajam em suas 4 x 4 tranquilamente.
Esta imensa ilha (quarta maior do mundo) foi colônia francesa, sua independência foi em 1960. O francês junto do malagasy são os idiomas oficiais, claro, fora dos lugares mais “civilizados”, só se usa a língua tradicional. Os habitantes de Madagascar são originários de Indonésia e Malásia, chegaram aqui faz uns dois mil anos. Devido a isso são diferentes dos outros africanos, uma mescla que os fazem únicos.
Os mochileiros e pacoteiros que chegam a este país não se arriscam a viajar independente (não encontramos nenhum até o momento). Os turistas (mochileiros e pacoteiros) que aqui chegam, organizam sua visita baseado nos parques nacionais e algumas praias conhecidas internacionalmente. Se movem de aviões, vão em locais que foram destruídos pelo turismo, e no final se passa a mesma e velha história sem coincidências: O casamento da jovenzinha nativa/o, com o branquelo/a estrangeira.
Regressando ao começo; Antananarivo, conhecida como “Tana”, capital do país, a qual de imediato me causou um amor devido ao barulho, os incríveis mercados, as antigas construções, a vida intensa, e seu ambiente que parece, muitas vezes, uma mistura de África com Caribe.
ACIDENTE VIAJANTE – MADAGASCAR
Por: Emma Herrera
A pobreza é imensa, com duras condições de vida. África é todo um esplendor que se mostra a todo o momento, é muito fácil passar os dias sem pensar em partir, porém a lógica te obriga a continuar a viagem que sabíamos seria lenta e dura.
Antes de deixar a capital, já sabendo que regressaríamos a ela antes de partir em definitivo da África no final de março, fomos visitar uns povoados nas colinas de Tana.
ANBOHIMANGA para começar a nos familiarizarmos com os transportes, as estradas, e como se locomover de uma forma independente, porém isso não é nada fácil. Buscar informações é algo mais duro ainda…
Depois de estudar a situação, ficou decidido que começaríamos nossa rota pelo Leste do país subindo pela costa rumo ao Norte, tentando desta forma escapar das chuvas, que nos foi dito ser impossível o tráfego nas estradas neste período.
Nossa primeira parada foi em MORAMANGA, dela partimos e fomos até um povoado encantador chamado ANDASIBE, local que está situado um dos parques nacionais do país, o qual cobra, para nossos bolsos, preços elevados.
Saindo de lá ficamos num cruzamento tentando carona e surgiu um 4 x 4 grande de uma ONG que nos ofereceu levar até a costa.
Uma agradável mulher nativa encarregada da Associação, o motorista e outro trabalhador, mais nós quatro no veículo, um espaço suficiente. Essa estrada sem dúvida é a melhor do país, porém estava chovendo, o motorista era imprudente, corria bastante e a tragédia aconteceu: Numa curva ele perdeu a direção.
Foram momentos de muita gritaria. Lembro-me de Nadia gritando que nos matávamos.
O veículo deu umas rodopiadas, terminando por bater do lado esquerdo da estrada, num barranco. Afortunadamente foi do melhor lado, pois do lado direito era um precipício com um rio ao fundo, o que teria causado nossa morte, com certeza. Também não vinha nenhum veículo no contra fluxo.
Depois dos momentos iniciais de pânico total, terror, um nervosismo, e tudo de mais que possa se sentir de mal estar, conseguimos sair pela porta traseira. Pois devido o choque, as portas laterais estavam emperradas.
Ninguém teve ferimentos sérios, eu somente tive um inchaço no joelho, Thomaz um pequeno corte na testa, Nacho um corte no pé, e Nadia ganhou um corte na Bunda e todos com pequenas dores pelo corpo.
Vários veículos pararam para ajudar, o que possibilitou acalmar a situação e também uma carona a cidade de TOAMASINA, na costa. Esta é a segunda maior cidade do país, onde está situado o mais importante porto. Local com típico ambiente portuário: Álcool, prostitutas, e festas. Não chegamos a conectar com o local, devido o acidente estávamos abalados. O que posso dizer é que a comida era excelente ali. Também o terminal de ônibus era fantástico, um dos que mais desfrutei na minha vida (acho que estava realmente abalada). Assisti enquanto esperávamos o bus um filme incrível.
O destino agora era MAHAMBO, o qual é um local agradável na praia; tradicional, pitoresco e simpático. Somente para nadar, descansar e desfrutar com a população local. Comemos muito lichis, fruta que estava em plena colheita. Em dias estávamos todos recuperados totalmente do acidente.
AVENTURA EM MADAGASCAR
Por: Emma Herrera
Depois de uns dias em Mohanbo, continuamos via a nada inspirada cidade de FEONARIVO, até IVONGO, um desastre total, ainda que, sem dúvida, interessante lugar. Desde onde começamos a “Estrada dos Cravos”, e enfrentamos a famosa Rota 5.
Na noite dormida em Ivongo, já deixamos reservado os assentos no 4 x 4, veículos utilizados para atravessar até o norte. Demos uma caixinha de uns cinco reais para a reserva, a intenção era poder ir dentro do veículo e não na carroceria. Na cabine vão setes pessoas, na carroceria vão umas vinte.
Na manhã seguinte, com atrasado enorme devido acomodarem todos os passageiros e cargas, seguimos para os primeiros 38 km, o qual, segundo dito, levaria umas sete horas para percorre-lo. Simplesmente não havia estrada, é somente um péssimo caminho, é um inferno. Evidentemente entre outras coisas ficávamos atolados na areia, na lama, etc…
Por fim, chegamos ao formoso povoadozinho de MANONPARA, situado numa pitoresca e bela baia de águas quentes, onde permanecemos uns dias tratando de conseguir o transporte para continuar mais ao norte. Depois de cinco noites de espera, um barco de carga nos levou ao destino.
Sentados ou acomodados onde deu no barco, embaixo de um Sol escaldante, cobrindo-nos apenas com um guarda-sol, mais um barulho ensurdecedor do motor, e, cobrindo a boca e nariz para evitar respirar a fumaça negra que saía da “puta madre” do escapamento. Ficou claro que seria mais uma viagem terrível.
Durante nove horas costeamos a Ilha de Madagascar que nos separavam da cidade de MANANARA, um lugar unido ao mundo por caminhos de terra ou por mar. A cidade ainda que pequena, muito movimentada, há todo um comércio feito por ali. Ruas péssimas, claro sem asfalto, tudo precário, mas excelente para sentar-se e ficar a observar todo o movimento. Além de poder passear pela praia onde desemboca um rio.
Toda esta região é produtora de cravo e baunilha, o que faz esses cheiros exalarem por todas as partes. Daqui se fazem exportações para todo o mundo.
Deste ponto em diante as alternativas eram: Continuar pela Rota 5 (piada), tentando esperar com sorte algum 4 x 4 que apareça, porém difícil que ocorra, ou fazer o que fizemos: Fizemos uma caminhada de quatro dias, percorrendo 70 quilômetros.
Muito duro, passamos por vilazinhas sem água potável, sem energia elétrica, pontes que necessitávamos fazer equilíbrios para cruzar. Rios que atravessamos com ajuda de cordas e sempre um Sol fortíssimo em nossas cabeças, mais o peso das mochilas. Enfim, um caminho terrível. Porém passamos por locais lindos, maravilhosos, mesmo passando a sardinha em lata, suportando um suor fortíssimo, ombros meio esfolados. Cruzamos aldeias que não existem nos mapas, o maior foi MANANBOLOSI, local que conseguimos comprar algumas coisas e comer algo melhor. Seguindo até TANJORA, ANANDRIVOLA, e finalmente RANABE, onde conseguimos uma 4 x 4 que nos levou nos últimos 40 quilômetros até chegar em MAROANTSETRA.
Daqui começaram outras opções: Não existe estrada, ou caminhamos 100 km atravessando o Parque Nacional, o que custava mais do que podíamos pagar, já que obrigam a pagar por um guia, ou usar de um avião. Tentamos ver um barco de carga, que nos cobrasse algo aceitável. Conseguimos contatar um Capitão e fizemos o acerto para nos levar.
O barco se chamava “Estefano”. Depois de um dia de atraso, mais horas esperando a maré baixar, pois estava atolado na areia, partimos. “Estefano” estava totalmente carregado de motos, baunilha, e claro incontáveis seres humanos, todos compartindo condições mais comuns utilizados no transporte de gado. Homens, mulheres, idosos, crianças todos em condições lastimáveis. Disputávamos centímetro por centímetro para melhor poder viajar. Sem dúvida, foram 20 horas de terror. Eles acostumados, não demonstravam sofrimento físico, provavam que tinham muito mais resistência que nós. O que mais me desagradava era o cheiro de vômito, que muitos sentavam em cima, também ter que urinar na garrafa, mas tivemos sorte esta noite e não choveu, o que propiciou alguns momentos de dormida.
Fui sentada como uma galinha, sendo refrescada pelos respingos das ondas do mar, vez ou outra conseguindo movimentar alguma parte do corpo para não ser totalmente contaminada por câimbras. Pela noite não podia deixar de ficar admirando o céu que se expunha com milhões de estrelas, o presente mais belo que podia ganhar. Certo que vez ou outra temia se passar algo, pois estávamos no mar e não existia salva-vidas no barco. Mas, embora estávamos quebrados, esgotados, e sem energia nenhuma chegamos são e salvos a cidade de ANTALAHA.
Tudo é surreal neste país, e para chegar a margem, tínhamos que fazê-lo via outros barquinhos menores. Isso, claro, depois de ficar pendurados no barco (Estefano) para alcançar o outro.
Agora era descansar, dormir bem, comer bem, esticar as pernas e nos prepararmos psicologicamente para mais um trecho do percurso. Agora seriam mais 80 km, por sorte tem estrada. É o melhor trecho do trajeto, onde a estrada existe realmente, mas isso não quer dizer ser boa, apenas que existe.
Este percurso utilizamos o “táxi brousse”, assim conhecida aqui. São umas minivans, com dezenas de acentos que se espremem umas 30 pessoas, isso sem falar nas galinhas, porcos, cachorros, e todo tipo de carga., o que se imagina e o que não se imagina levam ali.
Apenas sobram espaços para as pernas. Para apimentar a viagem, eles param uma interminavelmente número de vezes para carregar, descarregar, etc. fazendo com que o trajeto se alargue até o infinito. Mas chegamos a SAMBAWA, caótica, feia e fedida.
Daí foi até ANDAPA, numa estrada linda, com vistas magníficas, cheia de curvas, passando por aldeias lindas, cruzando pontes típicas sobre rios formosos. Depois SAMBAWA para ir, até chegar no dia de meu aniversário em VOHEMAR.
O que acontece é que resulta um desafio cada locomoção neste país, por sorte ainda não pegamos chuvas fortes, mas já no período. Agora restam somente 170 km, que podem durar 24 horas ou quatro dias, depende do que dizem os Deuses.
VOHEMAR é agradável, o povo sorri muito, e já faz mais de um mês que estamos no país. E o mesmo problema se passa: Esperar e esperar até conseguir uma 4 x 4 que nos leve, ou um barco, ou ir de avião, o que para nós não existe esta possibilidade. Como fizemos, ainda não sei, pois daqui foi onde consegui enviar esta postagem para vocês e ainda não sabemos… mas faremos!
La viajadera de los planetas
VALE A PENA LER...
VIAJAR DE TREM – MADAGASCAR
Por: Emma Herrera
Retornar a Madagascar foi uma mudança total. Deixar as Ilhas Mascarenhas e logo ao chegar no aeroporto de Antananarivo, resultou caótico, desorganizado e quente, igual a primeira vez que aqui estivemos. Contudo, aqui as coisas funcionam com paciência, é tudo questão de tempo e algum dinheiro. Para quem conhece os caminhos da África sabe que basta saber fazer e pouco já tens o passaporte na mão e mais uma nova visa.
A capital do país não decepciona. Quanto mais a conheces, mais desfrutas. É toda um imenso mercado onde todo mundo quer vender de tudo, com tumulto para onde se olha: Poluição, trânsito, barulhos, etccccc. Porém, sem dúvida, algo tem que encanta!!!
Depois de um par de dias começamos a descida rumo ao Sul, novamente pela rota 7, que agora me pareceu mais verde e mais formosa. Com arrozais já prontos para a colheita, sempre com muitas casas tradicionais, ainda mais vermelhas do que me lembrava.
Depois de romper o caminho para descansar em “Ambositra”, chegamos à cidade de “Fianarantsoa”. Local de onde sai um trem, o único trecho que existe neste país por linha férrea, 163 km. Mas que ocupas 12 horas de viagem, passando por paisagens impressionantes, baixando desde as montanhas do centro a costa do país. No caminho se depara com aldeias inimagináveis, tradicionais ao máximo. Passando por tuneis, arrozais, cachoeiras, vales, montanhas, etc.. e… sempre patente, a incrível pobreza. Este é um dos dez países mais pobres do Planeta.
O trenzinho em questão são de vagões. Um de primeira classe e outros de segunda classe. Estrangeiros e turistas não é permitido viajar na segunda classe, pois vão abarrotados de nativos, até um limite que a nós parece impossível. O vagão para estrangeiros, só viajou nós quatro e alguns policiais (Para nos defender? Vai saber??).
Segundo nos informaram este trajeto de trem é um dos mais percorridos pelos turistas que aqui chegam na alta temporada. E todo um espetáculo se forma. Da janela ficam os turistas com suas câmeras fotográficas e quando passam por estas aldeias muito pobres, ficam jogando da janela doces e balas para as crianças, as quais se deixam fotografar dando largos sorrisos aos turistas. Algo que encanta aos turistas, pois se sentem solidários e vislumbra muito mais aos pequeninos…
Claro que nossa experiência foi muito diferente porque estávamos sozinhos, de forma que nós quatro nos convertemos no circo. Cada parada do trem, as quais são demoradas, mal conseguíamos nos mover, pois ficávamos rodeados de crianças querendo nos vender banana, grãos de pimenta… Não conseguíamos ficar um segundo tranquilo nas paradas.
Foi um percurso inesquecível, que terminou quando chegamos na cidade de Manakara.
Fotos cedidas
MADAGASCAR – ROTA 7
Por: Emma Herrera
Sobrevivemos o final do trecho que cruzamos da rota 5, me faltariam nomes para decifrar a tortura que passamos, e não é exagero.
Como os comentei no último post, desde a cidade de Vohemar, começamos o último recorrido pela Estrada Nacional número 5. Saímos pela noite numa Land Rover laranja, dessas antigas. Vinte pessoas dentro, sendo 17 adultos e três crianças. Dividimos espaço por dois dias e duas noites aterrorizantes, que superam as coisas que eu considerava insuperáveis. A experiência, mais a dor física e mental nos deram de presente uma admiração que sentimos pelas pessoas que vivem neste país, e possuem uma capacidade de suportar as situações impressionante.
Quando nós estávamos todos cansados, derrubados, sem forças eles olhavam para nós, com olhar simples e sorriam, como quem diziam: “Aguentem, vocês vão conseguir!”
A habilidade do motorista evitou que o percurso fosse pior, porém não faltaram atoleiros, buracos enormes, os quais todos tinham que ajudar para desatolar. Quando possível lhes enviarei fotos mostrando tudo, e inclusive o nosso estado físico.
Assim desta forma chegamos a cidade de Ambilobe, local que após um par de dias, de não fazer nada apenas descansar e comer, partimos para a cidade de Diego Suarez. Chegar ali foi como chegar a “civilização”, uma arquitetura colonial bonita, comida saborosa, encontramos com os primeiros estrangeiros depois de semanas, e sem dúvida um ambiente muito mais turístico. Desfrutamos de uns dias de luxo, e outros mais na também próxima Ramena, um povoado de pescadores, tradicional e bonita. Local que passamos o fim de ano. Caminhamos pelas suas belas praias, todas de areia branca e águas cristalinas.
Hora de pegar a famosa Rota 7, conhecida pelas suas paisagens formosas de verdes arrozais e pequenas aldeias tradicionalmente de cor vermelhas, assim foi até chegar na cidade de Antsirabe, um dos locais mais turísticos da Ilha de Madagascar.
Dali fizemos boas caminhadas, passeios por lagos próximos, uma estrada rumo a oeste que nos lembrava muito o altiplano boliviano e peruano. Um total de 250 km de povoados e belas paisagens.
Parte dos transportes eram razoáveis, outros péssimos onde se sentia como sendo transportado igual a gado e sem limite de lotação. Também fizemos vários trechos em pequenas canoas que nos levavam de uma vila a outra. Muitas noites dormidas ao relento vendo milhões de estrelas no céu.
Local lindo foi Morondaba, onde existe uma avenida alucinante que vai mudando de cor com o por do Sol devido as imensas árvores de mais de 1500 anos.
Continuando rumo ao Sul sempre com muita dificuldade. Parte por terra, parte por mar, em constante trocas de transportes, um mais precário que o outro, mas é a forma como os nativos se transportam por esta região. Não faltaram momento de pânicos como num percurso de barco, pelo mar, aparecia vez ou outra a figura de um tubarão. Tudo isso baixo um calor terrível.
Todo este trajeto se é possível fazer pela Rota 7, a qual é muito utilizado por turistas que alugam 4 x 4 e visitam os Parques Nacionais, a preços bem caros, pelo menos para nós. Nós tínhamos como opção fazer como fazem os nativos e conhecer os parques em caminhadas alternativas. Isso nos possibilitou conhecer uma Madagascar muito diferente do que se é conhecida pelos turistas.
Desta forma passamos por onde queríamos e retornamos a Antanarivo, capital do país, pois nossa visto venceu e temos que sair do país. Conseguimos fazer uns ajustes e vamos voar até a Ilha de Mauricio e depois Reunion, para depois retornar aqui a Madagascar.
Este país não te deixa indiferente por nada. Não somente seus misteriosos Baobabs, suas paisagens, o odor, as cores, as diferentes culturas regionais, as condições de vida dura para milhões. Madagascar é como a união de muitos países juntos numa mesma ilha.
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Adorei a narrativa. Quando lá voltarem, me convidem.
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