POPULAÇÕES TRADICIONAIS E NOVOS ATORES SOCIAIS - AS DIFERENTES FORMAS DE REGIONALIZAÇÃO




As populações tradicionais emergiram como novos atores sociais nas últimas três décadas. O avanço da sociedade urbano-industrial causou conflitos territoriais, principalmente no meio agrícola.
            
       O exemplo mais típico foi o surgimento dos movimentos sociais indígenas e de seringueiros em resposta à devastação florestal da Amazônia nos anos 1960-70 causada pelos novos fazendeiros.
            O reconhecimento constitucional das terras dos remanescentes de quilombo foi também um passo importante para uma maior visibilidade das populações tradicionais, como a política de implantação de áreas de proteção integral (parques nacionais, estações ecológicas) também contribuiu para a criação de novos conflitos com essas populações.
            Desse embate com os interesses urbano-industriais, fortaleceu-se o sentimento de identidade grupal. Contribuiu também para essa maior visibilidade um conjunto crescente de publicações, de estudos e pesquisas sobre o modo de vida desses grupos tradicionais, inicialmente voltados para os povos indígenas e mais recentemente, para as populações tradicionais não-indígenas, como os pescadores artesanais, jangadeiros, caiçaras, caboclos, quilombolas, entre outros. A ação de organizações não-governamentais, nacionais e internacionais tem apoiado as demandas sociais dessas populações tradicionais.

            No Brasil existem duas categorias de populações tradicionais: os Povos Indígenas e as Populações Tradicionais não Indígenas. Uma das características básicas dessas populações é o fato de viverem em áreas rurais onde a dependência do mundo natural, de seus ciclos e de seus produtos é fundamental para a produção e reprodução de seu modo de vida.
            O conhecimento aprofundado sobre os ciclos naturais e a oralidade na transmissão desse conhecimento são características importantes na definição dessa cultura.

Impactos das barragens sobre as populações tradicionais

            São inúmeros os impactos das grandes barragens sobre as populações ribeirinhas. Há indícios também de aumento de doenças tropicais como a malária, a esquistossomose, verminoses, principalmente quando as represas recebem esgoto sem tratamento. Os reservatórios afetam os padrões de migração (piracema) das espécies, tendo efeitos negativos sobre a pesca e a renda dos pescadores.

Estradas e desmatamento

            Muitas estradas foram construídas sem se levar em conta o impacto sobre as comunidades indígenas, caboclas, quilombolas, e outras, resultando em invasões de terras e problemas sociais como a marginalização social, a prostituição, a violência. Estradas ilegais para a retirada de madeira, além da destruição de matas ciliares, têm afetado igarapés dificultando o acesso à água, causando sedimentação e afugentando os peixes, base da alimentação regional.

Urbanização não planejada

            A expansão espacial desordenada das grandes cidades tem atingido territórios ocupados por populações tradicionais, ameaçando nascentes, tem forçado a migração de comunidades de 1313 caboclos, sitiantes e caiçaras, entre outros, levando os a viver em favelas dos bairros suburbanos.

Grandes projetos industriais

            Grandes projetos, como os de produção de alumínio pelo aproveitamento da bauxita na região norte. Essas empresas são grandes consumidoras de energia e água e apresentam um risco potencial de poluição dos rios e estuários. Na região sul tem causado preocupação a concentração de granjas e empresas de suinocultura pela alta carga de poluentes que ameaçam rios e riachos do oeste catarinense.

Derramamentos de petróleo

            Com o aumento da produção e transporte de petróleo tem se tornando cada vez mais freqüentes os derramamentos de petróleo que atingem manguezais, estuários e rios do litoral brasileiro causando graves conseqüências sobre esses ecossistemas e sobre pescadores artesanais, caiçaras e outras populações tradicionais.

 Criação da Comissão Nacional de Desenvolvimento sustentável das Comunidades Tradicionais

            Pelo decreto de 27 de dezembro de 2004. Essa comissão tem por finalidade de estabelecer a política nacional de desenvolvimento sustentável das comunidades; entre outras medidas propõe: apoiar, propor, avaliar e harmonizar os princípios e diretrizes da política relacionada ao desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais no âmbito do Governo Federal;
            A Comissão é formada por representantes de vários ministérios, representantes das comunidades tradicionais, agências de fomento, entidades civis e comunidade científica, pela Fundação Palmares. Esse novo fórum, que já realizou encontros com a comunidade científica e com representantes de várias comunidades tradicionais pode se tornar um mecanismo importante de estabelecimento de políticas públicas em favor dessas comunidades.
Contudo o que vimos acontecer ao longo da história, presenciamos e vivemos fazendo parte desta nova população que surgiu das populações tradicionais, e hoje carregamos traços e responsabilidades  que o futuro irá mostrar se agimos puramente como sociedade urbano-industrial, ou se herdamos o amor e o zelo por nosso meio ambiente visualizando a continuidade com qualidade dessa nova população.

Fonte:http://eventosnoturno.blogspot.com.br/2011/06/populacoes-tradicionais-e-novos-atores.html

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