
Exploradores encontram natureza intocada no Atlântico Sul
Ao explorar as profundezas do Atlântico Sul, pesquisadores brasileiros e japoneses encontram ecossistemas complexos e espécies únicas.
Com a ajuda do submarino japonês Shinkai 6500, capaz de levar três pessoas a até 6.500m de profundidade, especialistas dos dois países conseguiram avistar, filmar, fotografar e colher amostras de sedimentos e de espécies que habitam, além da Elevação do Rio Grande, outras duas regiões submersas: o Dorsal de São Paulo (um grande paredão na borda da plataforma continental do Sudeste) e o Platô de São Paulo (veja mapa).
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“Realizamos mergulhos profundos, de baixo para cima, fazendo uma grande curva. Neles, encontramos animais como esponjas e pepinos-do-mar com características diferentes das espécies já conhecidas. Acreditamos que, com as fotos retiradas e as coletas de materiais, podemos compreender o desenvolvimento da formação desses ecossistemas”, destacou Hiroshi Kitazato, diretor de pesquisa do Instituto de Biociências da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec).
A Iatá-piuna, palavra que significa “navegando em águas profundas e escuras” na língua tupi-guarani, teve início em 13 de abril e foi dividida em duas partes. Na primeira etapa, os cientistas exploraram a Elevação do Rio Grande, onde encontraram e coletaram corais, novas enzimas, animais marinhos e sedimentos do solo – foram essas últimas que ajudaram a reforçar a tese de que a formação é um antigo pedaço continental.
Plânctons
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O pesquisador comemora as descobertas e acredita que um pedaço perdido da história foi encontrado na pesquisa. “Com as amostras que temos, de solos diferentes, um de cada profundidade, podemos analisar e montar peças que faltavam dessa grande incógnita”, acrescentou, destacando a importância do trabalho conjunto de Brasil e Japão. “Ao trabalhar em parceria com os brasileiros, tivemos essa vontade de descobrir juntos e desvendar todas essas lacunas, descobertas que farão diferença por anos.”
Os achados feitos durante a expedição trazem ganhos principalmente para a área acadêmica, na avaliação de José Angel Perez, um dos participantes brasileiros da empreitada e professor do Centro de Ciências Tecnológicas da Universidade do Vale do Itajaí (Univale).
“O conhecimento que esse trabalho vai gerar, principalmente para a área acadêmica, é enorme. O Brasil está se voltando para explorar uma região nunca vista tão a fundo. Podemos analisar os ambientes que geraram condições para que essas formas de vida específicas se desenvolvessem, e isso é de interesse não só nosso, mas de pesquisadores do mundo todo”, destacou. Perez também frisa a importância dos ganhos econômicos. “Podemos seguir com a exploração e ter a esperança de encontrar minerais ricos, apesar de já termos constatado que os recursos pesqueiros dessa região são fracos”, complementou.
A expedição vai continuar com a análise das amostras coletadas e pretende contribuir com novos horizontes na área de pesquisa marinha. Os pesquisadores acreditam que a exploração começou a revelar segredos da região e deve contribuir para a preservação dos ecossitstemas ali existentes. “Conseguimos, com essa expedição, dar novos rumos a pesquisas científicas, mostrar mais a fundo detalhes antes não observados em uma região totalmente nova. Pretendemos continuar com a exploração dessa região e temos a certeza da importância dela para o nosso país. O quintal do Brasil é o Atlântico Sul”, destaca Perez.
Fonte:http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2013/05/29/interna_tecnologia,396156/
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