MAMÍFEROS EM MAIORIA NÃO ESCAPARÃO A TEMPO DA MUDANÇA CLIMÁTICA

Maioria dos mamíferos não conseguirá escapar a tempo da mudança climática
Crédito da foto: Getty Images

Com a intensificação das alterações climáticas ao longo do próximo século, a população de cerca de 90% das espécies de mamíferos encolherá – em grande parte por não conseguir migrar para regiões onde o clima é mais ameno, afirma um novo estudo.
Segundo os pesquisadores, em todo o hemisfério ocidental, quase 10% dos mamíferos não conseguem se deslocar com a rapidez exigida pelas mudanças climáticas. Em algumas áreas, como a Amazônia, esse número pode chegar a 40%.
Enquanto alguns animais não terão problemas e até sobreviverão melhor, outros enfrentarão perdas de habitat desastrosas. Os mais ameaçados são os primatas, que devem perder 75% de seu território devido aos rigores do clima e à incapacidade de migrar para locais habitáveis.
"Talvez estejamos subestimando a vulnerabilidade de algumas espécies à mudança climática”, afirmou Carrie Schloss, ecologista da Universidade de Washington.
"Há diversas projeções sobre os possíveis territórios que as espécies ocuparão, baseadas nos locais em que o clima será mais adequado. No entanto, a maioria não sabe dizer se as espécies conseguirão chegar até lá quando isso acontecer”.
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Para realizar previsões mais exatas sobre a sobrevivência futura dos mamíferos nas próximas décadas, Schloss e seus colegas recolheram informações sobre 493 espécies de mamíferos cujos territórios futuros foram estimados até o ano 2100. Em seguida, os pesquisadores usaram ligações conhecidas entre o tamanho de um animal e o que ele come para calcular a distância que uma dada espécie conseguiria se deslocar entre uma geração e outra.
Estudos anteriores demonstraram que a mudança climática expandirá os habitats em que algumas espécies conseguirão sobreviver. Mas quando a equipe de Schloss levou em consideração a capacidade de os animais chegarem a esses locais, descobriram que as áreas seriam reduzidas em 60% dos casos, e alguns delas encolheriam em média 40%.
Os animais de regiões tropicais enfrentam os maiores riscos, provavelmente por sua alta sensibilidade a alterações mínimas no clima, relataram os pequisadores na última edição da publicação Proceedings of the National Academy of Sciences.
Em grande parte das regiões úmidas subtropicais do hemisfério ocidental, por exemplo, quase 15% dos mamíferos devem ficar para trás com a mudança climática, um número que salta para 40% em algumas regiões da Amazônia. Nesses lugares, as espécies que só podem migrar um quilômetro por ano teriam que se deslocar oito vezes mais rápido para acompanhar o ritmo das mudanças climáticas em seus habitats originais.
Outras áreas vulneráveis a este processo são a Península do Yucatan, os Montes Apalaches e o sudeste dos Estados Unidos. Os primatas são particularmente ameaçados, assim como as toupeiras e os musaranhos.
Já os animais capazes de fazer frente à mudança climática incluem carnívoros, tatus, preguiças, coiotes e alces, já que muitos deles conseguem se deslocar o suficiente para sobreviver em novos habitats.
O novo estudo deve ajudar os pequisadores a concentrar esforços na criação de corredores para animais obrigados a migrar devido à mudança climática, afirma David Ackerly, ecologista da Universidade da Califórnia, Berkeley.
"Infelizmente, a análise dos impactos climáticos não traz boas notícias”, constata. “Uma mudança rápida será devastadora. Devemos nos perguntar onde os impactos serão piores e o que podemos fazer para aliviá-los”.

Fonte:Emily Sohn-http://blogs.discoverybrasil.uol.com.br/noticias/terra/

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